quinta-feira, 30 de abril de 2009

Escola, poder e compreensão -publicado na revista do Sindicato dos Professores do Norte

Escola, poder e compreensão

De 12 a 22 de Maio, sempre às 21h30, o Ensemble
-Sociedade de Actores leva ao palco do antigo cinema Passos Manuel (junto ao Coliseu do Porto) Oleanna, do norte-americano David Mamet [tradução de Vera San Payo Lemos e João Lourenço; encenação de Carlos Pimenta]. A acção decorre no gabinete claustrofóbico de um professor universitário, adepto da máxima racionalidade, que vive num mundo preciso, previsível, regular, estabilizado. De súbito, John (Jorge Pinto) é afectado pela presença de uma aluna que lhe está nos antípodas – Carol (Isabel Queirós) é frágil, insegura, carente, dependente do sucesso escolar. Confrontando-se na análise de um trabalho académico, acabam por se ver enredados nas intrincadas teias do dogma, da lei e das normas do sistema de ensino americano. O nome da peça advém de uma comunidade utópica fundada no século XIX pelo violinista norueguês Ole Bull e pela sua mulher, Anna – daí Oleanna. Esta comunidade norueguesa de agricultores falhou porque a terra que compraram na América era rochosa e muito pouco fértil, e todos tiveram de regressar à Noruega.
Relacionando esse desaire utópico com alguns falhanços do sistema educativo americano e os danos permanentes que provocam nos jovens, Oleanna remete para a temática recorrente em David Mamet, aquilo a que ele chama “interacções humanas” e de que o diálogo inicial professor-aluna – sobre as finalidades da educação e do ensino, o lugar do indivíduo na sociedade, as relações entre sexos e os limites da liberdade – constitui um violento exemplo da dificuldade de conciliar “poder” e “compreensão” nas relações humanas.

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