domingo, 17 de maio de 2009

Oleanna - Apresentação

O nome Oleanna vem de uma utópica comunidade do séc. XIX fundada pelo violinista norueguês Ole Bull e a sua mulher Anna: daí Oleanna. Esta comunidade norueguesa de agricultores falhou porque a terra que compraram na América era rochosa e muito pouco fértil e todos tiveram de regressar à Noruega.
A relação desse desaire utópico com o sonho falhado da Academia Americana torna-se evidente à medida que a peça de Mamet avança.

David Mamet é um autor neo-realista norte-americano que tem vindo a ser comparado com escritores de nomeada de um Ernest Hemingway, do irlandês Samuel Beckett e do inglês Harold Pinter.

Mais conhecido em Portugal pela sua faceta de argumentista – O Carteiro Toca Sempre Duas Vezes, O Veredicto, Os Intocáveis – foi como dramaturgo que ganhou os Prémios Village Voice Obbie e os Pulitzer de Drama e da Crítica.

Oleanna é uma peça de teatro que se desenrola no gabinete claustrofóbico dum professor universitário, John, sumidade exemplar da máxima racionalidade, que vive num mundo preciso, previsível, regular, estabilizado, mas que é, de súbito, afectado pela presença de uma aluna, Carol, que lhe está nos antípodas, pela sua fragilidade, insegurança, carência emocional e cognitiva, dependente do sucesso escolar, no que ambos se vêem enredados e compelidos para a intrincada trama do dogma, da lei e da teia de normas do sistema de ensino.

Através de Oleanna, David Mamet aponta o dedo a alguns dos mais básicos falhanços da educação americana e aos estragos permanentes que provoca nos jovens; mas, acima de tudo, Mamet usa o sistema educativo como um veículo para a sua temática recorrente, aquilo a que chama “interacções humanas” – que em Oleanna se constitui como um violento exemplo da dificuldade de conciliar “poder” e “compreensão” nas relações humanas.

Oleanna tem sido levada à cena em diversos países e suscitado forte polémica em torno do seu assunto. O diálogo inicial entre o professor que recebe a aluna para analisar um trabalho, transforma-se num violento confronto de ideias sobre as finalidades da educação e o ensino, o lugar do indivíduo na sociedade, as relações entre os sexos e os limites da liberdade – um confronto que envolve o espectador e o incita a tomar posição.

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